"Sou uma mulher madura que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança, sou uma criança que atura."

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Vivendo de rascunho

Esse texto tem por finalidade alertá-lo sobre a importância de tudo aquilo que, na maioria das vezes, você esquece de dar importância; não espante-se, portanto, se ao terminar de ler estiver, assim como eu, cheio de culpa. Sim, caro leitor, eu estou aqui para alertá-lo e, principalmente, me alertar: precisamos abrir os olhos para aquilo que já não enxergamos mais.


Sentada em frente ao computador e com as janelas e cortinas fechadas, finalmente podia dizer que estava em casa. Fazia tempo que não viajava por tantos dias, mas agora sabia o como era bom estar de volta. Sofia, a minha prima, brincava sobre a cama, mas eu já não conseguia ouvi-la. Estava dispersa demais para isso agora que os raios solares já não faziam os meus olhos arderem e os latidos do cachorro da vizinha já não me incomodavam. O dia passava pela janela, todavia eu não podia dizer se tinha cor de chocolate ou azul manchado de algodão doce. A verdade é que eu não tinha me dado o luxo de parar para observar os seus detalhes e me deliciar com os seus aromas e sabores. O motivo? Preguiça, acho. Talvez comodidade ou, quem sabe, ingratidão. O céu é sempre o céu, afinal. Ah, se eu soubesse quanta falta os detalhes fazem...
- Se o mundo terminasse amanhã, o que você faria? - Sofia, a minha prima de seis anos, perguntou e a sua voz doce interrompeu os meus devaneios.
Fui pega de surpresa, devo admitir. Entretanto, de nada adiantaria fingir que não havia entendido a pergunta. Apesar da pouca idade, ela tinha o dom de, com poucas palavras, me fazer pensar. Parabéns, pequena. Você conseguiu mais uma vez.
- Sei lá, pequena. Talvez faria tudo que eu nunca fiz. Pularia tudo o que não pulei, falaria o que jamais falei, diria cada 'eu te amo' que silenciei. Vai saber. Dançaria, correria, sairia. Conversaria com meus amigos e confessaria os meus segredos. Pediria perdão pelos meus erros para poder feliz. Enfim, viveria com a alegria de um sorriso e a intensidade e sinceridade de uma lágrima. - Concluí.
A pequena manteve-se em silêncio com alguns instantes e só então voltou a questionar:
- E o que te garante que ele não acabará amanhã?

Pauta para o PostIt!: E se o mundo terminasse amanhã?