Esse texto tem por finalidade alertá-lo sobre a importância de tudo aquilo que, na maioria das vezes, você esquece de dar importância; não espante-se, portanto, se ao terminar de ler estiver, assim como eu, cheio de culpa. Sim, caro leitor, eu estou aqui para alertá-lo e, principalmente, me alertar: precisamos abrir os olhos para aquilo que já não enxergamos mais.
Sentada em frente ao computador e com as janelas e cortinas fechadas, finalmente podia dizer que estava em casa. Fazia tempo que não viajava por tantos dias, mas agora sabia o como era bom estar de volta. Sofia, a minha prima, brincava sobre a cama, mas eu já não conseguia ouvi-la. Estava dispersa demais para isso agora que os raios solares já não faziam os meus olhos arderem e os latidos do cachorro da vizinha já não me incomodavam. O dia passava pela janela, todavia eu não podia dizer se tinha cor de chocolate ou azul manchado de algodão doce. A verdade é que eu não tinha me dado o luxo de parar para observar os seus detalhes e me deliciar com os seus aromas e sabores. O motivo? Preguiça, acho. Talvez comodidade ou, quem sabe, ingratidão. O céu é sempre o céu, afinal. Ah, se eu soubesse quanta falta os detalhes fazem...
- Se o mundo terminasse amanhã, o que você faria? - Sofia, a minha prima de seis anos, perguntou e a sua voz doce interrompeu os meus devaneios.
Fui pega de surpresa, devo admitir. Entretanto, de nada adiantaria fingir que não havia entendido a pergunta. Apesar da pouca idade, ela tinha o dom de, com poucas palavras, me fazer pensar. Parabéns, pequena. Você conseguiu mais uma vez.
- Sei lá, pequena. Talvez faria tudo que eu nunca fiz. Pularia tudo o que não pulei, falaria o que jamais falei, diria cada 'eu te amo' que silenciei. Vai saber. Dançaria, correria, sairia. Conversaria com meus amigos e confessaria os meus segredos. Pediria perdão pelos meus erros para poder feliz. Enfim, viveria com a alegria de um sorriso e a intensidade e sinceridade de uma lágrima. - Concluí.
A pequena manteve-se em silêncio com alguns instantes e só então voltou a questionar:
- E o que te garante que ele não acabará amanhã?
Pauta para o PostIt!: E se o mundo terminasse amanhã?