"Sou uma mulher madura que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança, sou uma criança que atura."

domingo, 25 de abril de 2010

Impressão sua

— Por que você tá assim, mô? Tão distante, tão fria.

(Porque, por mais que a minha consciência pese e grite diariamente o quanto é errado continuar fazendo isso, eu não consigo fitar os teus olhos e não compará-los aos lânguidos olhos dele, que ainda me parecem tão mais cheios de brilho e de mistérios na profundidade daquele tom inexplicavelmente negro. Porque, por mais que eu saiba que não devo procurar em você fragmentos que eram exclusivamente dele, é impossível deixar de notar que o sorriso do outro era mais largo e, embora os dentes não fossem tão alinhados quanto os seus, tinha uma beleza única que me enchia com a idéia ilusória de que o amanhã seria ainda mais bonito que o agora. Porque, por mais que eu me sinta um lixo por te comparar e, o que é ainda mais cruel, te rebaixar à posição de segundo colocado sempre, é inevitável pegar o telefone, discar os números da casa dele e só então perceber que liguei errado – ainda que eu possa, eu já não devo contar os pequenos detalhes do meu dia para ele e dizer, ao encerrar a ligação, o quanto me sinto sortuda por namorar o meu melhor amigo. Porque, por mais doloroso que seja (principalmente para mim), é involuntário me pegar pensando cheia de saudosismo nos dias de TPM em que ele vinha me ver e eu esquecia do mundo ao afundar o rosto no seu peito. Porque, amor, por mais injusto que isso seja para você, para nós, ainda não sou capaz de controlar a minha vontade de fugir para longe em meus devaneios. Fugir para um lugar onde exista apenas ele e eu e nada mais. Um lugar onde eu finalmente possa juntar ao presente tudo o que já ficou para trás e, por fim, chamar de amor quem eu realmente (ainda) amo.)

— Eu? Que bobagem, amor! É impressão sua, Di... Vem cá, vem.

7 comentários:

Jo disse...

E dói tanto não poder dizer tudo isso. E dói tanto não poder de deixar de comparar. Dói e continuará doendo, porque não é uma escolha.

Ana Carolina Maia disse...

Eu vejo nitidamente uma escritora em você, sério :)

Rebecca disse...

é.
ler ou não ler? eis a questão.
o que acontece é que eu já li, e velho..
eu vi meu eu em você, ao redigir essas palavras.
MEU DEUS, COMO PODE SER ASSIM?
como você conseguiu descrever minhas vontades, pensamentos e etc?
tocou-me profundamente. mas não, não me fez mal, creia.
eu estou ligeiramente bem :), eu acho. hehe.

Debbys disse...

Ai, deve ser horrível se encontrar nessa situação... =//
ótimo texto! xD
bjus

Natasha disse...

Meu Deus, como pode juntar tantas palavras bonitas à uma imensa criatividade? Me perco (acho) nos teus textos e sou tua fã # 1, sabe disso, hun?

E sim, esse é um dos meus favoritos!

Gabriela Castro disse...

Tão perfeito esse pensamento. É fatal fazer essa comparação. Às vezes é até inconsciente e involuntário. Quem dera pudéssemos gostar de quem gosta da gente. O que continuo sem entender é como duas pessoas que se amam não ficam juntas. Não é justo! Saudadee
beijos

Rebecca disse...

hehe.